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Vesículas de células estaminais do tecido do cordão umbilical no tratamento de vitiligo

Com uma prevalência estimada entre 0,1 % e 2 % da população, o vitiligo é a causa patológica mais comum de falta de pigmentação da pele. Causando distúrbios significativos ao nível da autoestima dos doentes, é uma doença dermatológica crónica, que se caracteriza pelo aparecimento de zonas despigmentadas na pele devido à destruição dos melanócitos, as células responsáveis pela produção de melanina (pigmento que dá cor à pele). Em consequência, surgem manchas brancas geralmente dispersas pelo corpo. A causa da doença é ainda incerta, no entanto as hipóteses mais aceites são as que a relacionam com fatores autoimunes e condições de stress oxidativo. A falta de uma abordagem terapêutica eficaz que vise simultaneamente a autoimunidade e o stress oxidativo no tratamento da doença torna indispensável o desenvolvimento de terapias associadas a esta condição.

As células estaminais mesenquimais (MSCs) possuem capacidade de diferenciação em vários tipos de células e de regulação da atividade do sistema imunitário. Atualmente encontram-se registados mais de 350 ensaios clínicos com MSCs do tecido do cordão umbilical (UC-MSCs) para o tratamento de diversas doenças e, recentemente, evidências acumuladas revelaram que a eficácia terapêutica das UC‑MSCs está correlacionada com a secreção de vesículas extracelulares (pequenos “sacos” membranares enriquecidos em moléculas com atividade biológica secretados pelas células). Os exossomas são um dos principais tipos de vesículas secretadas e desempenham funções cruciais em diversos processos fisiológicos, nomeadamente na comunicação intercelular.

Em termos clínicos, as lesões iniciais do vitiligo são caracterizadas pela infiltração local de células T (um tipo de glóbulos brancos com um papel essencial no sistema imunitário, também designados de linfócitos T) e perda de melanócitos nesse local da pele. Além disso, o número e a função das células T reguladoras (Tregs), que controlam ativamente as respostas imunitárias, encontram-se suprimidas no vitiligo, contribuindo para a progressão da doença. Devido às suas propriedades imunorreguladoras e antioxidantes, os exossomas derivados de células estaminais mesenquimais do cordão umbilical (UC‑MSCs‑Exos) surgem como uma potencial abordagem terapêutica para o tratamento de doenças autoimunes, como o vitiligo.

 

Exossomas de células estaminais mesenquimais melhoram significativamente a despigmentação característica do vitiligo, em modelo animal

Um estudo publicado na revista científica Advanced Science procurou investigar os efeitos da administração de exossomas de células estaminais do cordão umbilical (UC-MSCs-Exos) no tratamento do vitiligo em modelo animal. Os animais foram divididos em três grupos distintos: (1) animais doentes (grupo controlo), (2) animais doentes aos quais foram administrados exossomas obtidos a partir de um meio de cultura em 2D (2D‑UC‑MSCs‑Exos), e (3) animais doentes aos quais foram administrados exossomas obtidos a partir de um meio de cultura em 3D (3D‑UC‑MSCs‑Exos), que permite replicar mais fielmente o ambiente fisiológico. Após 10 semanas de tratamento, os investigadores avaliaram os efeitos da terapia, e concluíram que as áreas de despigmentação nos animais tratados com exossomas eram significativamente menores comparativamente ao grupo controlo, apresentando o grupo tratado com 3D‑UC‑MSCs‑Exos os melhores resultados. De forma igualmente relevante, foi demonstrada uma redução considerável no número de linfócitos T infiltrados na pele e no sangue dos animais com vitiligo tratados com exossomas, em comparação com o grupo controlo, tendo no grupo de animais tratados com 3D‑UC‑MSCs‑Exos sido observado um efeito superior na redução do número de linfócitos T infiltrados em comparação com o grupo tratado com 2D‑UC‑MSCs‑Exos. Assim, os resultados obtidos demonstraram que exossomas das células estaminais contribuíram simultaneamente para a redução da infiltração e da ativação dos linfócitos T e para o aumento do número de células reguladoras do sistema imunitário.

Numa segunda fase, o grupo de investigação, procurou perceber, in vitro, o efeito dos exossomas na viabilidade dos melanócitos em condições de stress oxidativo. Os resultados mostraram que o tratamento com UC‑MSCs‑Exos reduziu significativamente a acumulação de compostos químicos responsáveis por induzir morte celular (apoptose) dos melanócitos.Estes dados sugerem que os UC‑MSCs‑Exos exercem atividades antioxidantes e antiapoptóticas, muito importantes em resposta ao stress oxidativo.

As experiências, in vivo e in vitro, descritas no artigo demonstram que as características das MSCs e dos seus exossomas podem suprimir significativamente a despigmentação e proteger os melanócitos da destruição oxidativa e autoimune, aliviando de forma múltipla a progressão do vitiligo. Este estudo representa um avanço significativo para o desenvolvimento de terapias baseadas em exossomas em doenças autoimunes, oferecendo novas perspetivas para o tratamento do vitiligo. A capacidade dos 3D‑UC‑MSCs‑Exos de atuar simultaneamente sobre os mecanismos imunológicos e de stress oxidativo subjacentes ao vitiligo, coloca estas vesículas como um tratamento promissor e alternativo para doenças do foro autoimune. Contudo, são necessários mais estudos que permitam alcançar um maior conhecimento acerca da utilização e eficácia desta abordagem terapêutica para que possa vir a ser implementada na prática clínica.

 

 

    1. Referências:
      1 – Wang Q. et al., 3D-hUMSCs Exosomes Ameliorate Vitiligo by Simultaneously Potentiating Treg Cells-Mediated Immunosuppression and Suppressing Oxidative Stress-Induced Melanocyte Damage. Adv. Sci. (2024), https://doi.org/10.1002/advs.202404064
      2 – Consejo General de Colegios Farmacéuticos, Vitíligo una enfermedad invisible (2024), https://www.farmaceuticos.com/wp-content/uploads/2024/06/PF-181-Vitiligo-una-enfermedad-invisible.pdf
      3 – https://clinicaltrials.gov/