Tecidos obtidos em laboratório transplantados com sucesso em humanos
Médicos e cientistas ambicionam que a medicina regenerativa possa constituir um tratamento alternativo para a substituição ou reconstrução de tecidos e orgãos. Muita investigação tem sido desenvolvida nesta área e alguns avanços tem sido publicados, quer em laboratório, quer em humanos. Neste contexto foram publicados dois artigos científicos que revelam grandes avanços na área da medicina regenerativa. Um artigo descreve a reconstrução do Nariz em 5 doentes e outro a reconstrução de vaginas em 4 adolescentes.
Integrados num ensaio clinico de fase I, 5 doentes foram submetidos a uma cirurgia de reconstrução do nariz após lhes ter sido removido uma porção deste devido a um cancro de pele. Foram isoladas células do nariz (especificamente do septo nasal) de cada doente, que foram colocadas em cultura obtendo-se uma cartilagem que foi depois cirurgicamente implantada no nariz dos doentes. Até um ano após a cirurgia não se observaram efeitos adverso. Clinicamente, os resultados foram satisfatórios e os doentes mostraram-se satisfeitos com o resultado estético e funcional. Os investigadores concluíram que a obtenção de cartilagem autóloga em laboratório para reconstrução do nariz é viável e propõem testar esta técnica para reconstrução de outras estruturas da face.
Por outro lado, num ensaio piloto, foi possível obter em laboratório vaginas para 4 adolescentes que nasceram com síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser (síndrome em que as mulheres nascem com vagina e/ou útero subdesenvolvidos ou ausentes). Foram isoladas células do tecido vulvar de cada adolescente. As células foram depois colocadas em cultura sobre um suporte biodegradável, obtendo-se uma vagina que foi depois implantada cirurgicamente. As adolescentes tinham entre 13 e 18 anos na altura da cirurgia e foram seguidas durante 8 anos. Ao fim desse tempo, verificou-se que não existiram quaisquer efeitos adversos. Clinicamente, as vaginas implantadas revelaram uma estrutura semelhante a uma vagina normal. As quatro mulheres, já adultas, referiram ter uma vida sexual normal. Os autores concluíram que, ao fim de 8 anos, as vaginas criadas a partir das células dos próprios doentes apresentaram estruturas e funcionalidades consideradas normais e que esta tecnologia poderá ser útil em pacientes que necessitem de uma reconstrução vaginal.
Estes dois estudos são mais um exemplo de como a medicina regenerativa pode ser aplicada a vários tecidos e órgãos tendo potencial para ser aplicada na cirurgia reconstrutiva. Serão no entanto necessários mais estudos até que possa ser aplicada rotineiramente nos hospitais.
Mais informações em: