Obtenção em laboratório de células produtoras de insulina
A diabetes tipo 1, resulta da destruição das células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina (células β).O sistema imunitário do próprio indivíduo, pode estar na origem desta auto-destruição. O transplante de células β é realizado em doentes com diabetes tipo 1, utilizando células de cadáver, no entanto este é um tratamento que não está acessível a muitos doentes. A produção destas células em laboratório em grande escala permitiria disponibilizar este tratamento para milhões de doentes com diabetes tipo1.
Já há várias décadas que diversos grupos, um pouco por todo o mundo, se dedicam à obtenção de células β em laboratório que possam ser utilizadas no tratamento da diabetes. Foi recentemente publicado um artigo na revista Cell que descreve a obtenção de células produtoras de insulina em quantidades que permitem a sua utilização nestes doentes.
Os autores do estudo conseguiram, utilizando células estaminais embrionárias humanas, obter, em laboratório, células produtoras de insulina muito semelhantes às células β normais e, em quantidades que permitem que estas células possam ser utilizadas em transplantes ou no desenvolvimento de novos fármacos. As células obtidas, para além de apresentarem características semelhantes às células β normais, demonstraram ser totalmente funcionais, sendo capazes de responder ao estímulo da glicose.
Pressupondo que a destruição das células β é provocada pelo sistema imunitário do doente, os autores deste estudo, em colaboração com outros investigadores, estão neste momento a desenvolver um dispositivo que permita implantar as células no doente protegendo-as do ataque do sistema imunitário. Este dispositivo já está a ser testado em modelos animais, tendo até ao momento (e após vários meses) demonstrado ser eficaz.
Estes resultados abrem as portas ao desenvolvimento de novas terapêuticas para a diabetes. Estas células terão potencial para ser utilizadas em transplante de células β em doentes com diabetes tipo 1 e poderão também ser utilizadas na indústria farmacêutica para o desenvolvimento de novos medicamentos mais eficazes para tratamento da diabetes tipo 2. O responsável pelo estudo espera que, dentro de alguns anos, possam ser iniciados ensaios clínicos em humanos com estas células.