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Obtenção de cartilagem com ação anti-inflamatória a partir de células estaminais do tecido adiposo

[fusion_text]Foi recentemente publicado um artigo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, no qual um grupo de investigadores demonstra ter obtido em laboratório implantes de cartilagem com potencial para tratar articulações degradadas em doentes com osteoartrite da anca, utilizando células estaminais do tecido adiposo.

 

Técnicas de bioengenharia permitem obter implantes de cartilagem à medida do doente

A anca é uma das articulações mais utilizadas no nosso corpo, sendo por isso frequente o surgimento de lesões e problemas degenerativos. Quando as dores e a limitação do movimento desta articulação comprometem seriamente a qualidade de vida do doente, é realizada uma artoplastia de substituição da anca (cirurgia em que a articulação da anca é substituída por uma prótese artificial). Em Portugal, são realizadas anualmente cerca de 12.000 artoplastias de substituição da anca. Apesar destas cirurgias poderem ser realizadas em qualquer idade, existe uma tendência para se adiar esta abordagem em doentes jovens, pois a durabilidade de uma prótese é de cerca de 20 anos, sendo a sua substituição uma cirurgia mais complexa e com várias complicações (aumenta o risco de destruição do osso de suporte da prótese e o risco de infeções nestes doentes).

Neste contexto, um grupo de investigadores conseguiu, a partir de células estaminais de tecido adiposo, obter em laboratório, cartilagem com potencial para ser utilizada na substituição de cartilagem danificada em doentes com osteoartrite e outras lesões das articulações.

Os investigadores desenvolveram uma estrutura de suporte biodegradável 3D (que é posteriormente absorvida pelo organismo) com o formato da articulação do doente. Nesta estrutura foram colocadas células estaminais do tecido adiposo, que se diferenciaram em cartilagem. Estas células foram alteradas geneticamente para libertar moléculas anti-inflamatórias, com o objetivo de prevenir nova inflamação na articulação. O gene inserido é ativado por um fármaco, o que permitirá libertar moléculas anti-inflamatórias quando surge nova inflamação, inibindo o regresso da artrite.

Os autores verificaram que as cartilagens assim obtidas mantêm a forma do suporte 3D e possuem as características de uma cartilagem funcional. Demonstraram ainda que estes implantes de cartilagem têm capacidade para suportar até 10 vezes o peso corporal do doente, comprovando a sua resistência e o seu potencial para serem utilizados terapeuticamente.

Os investigadores sugerem que esta estratégia permitirá renovar a superfície da articulação com tecido vivo o que, combinado com a terapia génica para libertar moléculas anti-inflamatórias, poderá contribuir para reduzir a dor e prevenir, ou pelo menos atrasar, a colocação de uma prótese.

Atualmente, alguns implantes de cartilagem estão a ser testados em modelos animais. Se os resultados forem positivos, os responsáveis por este estudo esperam que estes implantes possam ser testados em humanos no espaço de 3 a 5 anos.

Fonte:

https://medicine.wustl.edu/news/stem-cells-engineered-grow-cartilage-fight-inflammation/[/fusion_text]