Células estaminais em estudo para fortalecer o coração de crianças com cardiopatia congénita
Cerca de um em cada 100 bebés nasce com uma anomalia cardíaca congénita. Hoje em dia, é possível, em muitos casos, diagnosticar as cardiopatias congénitas antes do nascimento e preparar todo o plano de tratamentos e acompanhamento indispensáveis para melhorar a esperança de vida destas crianças. A síndrome da hipoplasia do coração esquerdo é uma cardiopatia congénita muito rara, em que o lado esquerdo do coração se encontra severamente subdesenvolvido. Caso não seja corrigido através de cirurgia, este problema é fatal, pois o coração não consegue bombear sangue de forma eficaz. O tratamento desta patologia tem evoluído muito desde os anos 80 e atualmente envolve 3 cirurgias efetuadas nos primeiros 3 anos de vida da criança. A primeira cirurgia é realizada nos primeiros dias de vida, a segunda após 6 meses e a terceira aos 3 anos de idade. Ainda assim, estas crianças caminham progressivamente para um cenário de insuficiência cardíaca. Geralmente, durante a adolescência começam a aparecer sintomas de que o coração está a ficar mais fraco. Por este motivo, estas crianças apresentam uma grande probabilidade de vir a necessitar de um transplante de coração.
Células estaminais do sangue do cordão umbilical em ensaio clínico para cardiopatia congénita
Atualmente, está a decorrer um ensaio clínico que pretende determinar se a utilização de células estaminais do sangue do cordão umbilical pode ser útil no tratamento de síndrome da hipoplasia do coração esquerdo. O procedimento envolve a criopreservação das células estaminais do sangue do cordão umbilical da criança, recolhidas à nascença, para posterior aplicação direta no músculo cardíaco, durante a segunda etapa de correção cirúrgica, realizada aos 6 meses de idade. Os investigadores colocam a hipótese de as células estaminais poderem estimular a formação de novas fibras musculares cardíacas, de forma a fortalecer o ventrículo direito, para que este consiga bombear mais sangue. Admite-se que, desta forma, se consiga adiar, ou até prevenir, a insuficiência cardíaca que se observa a partir da adolescência nestes doentes e que os coloca em risco para transplante cardíaco. O consórcio responsável por este estudo inovador é composto por quatro centros hospitalares dos EUA que acompanham crianças com esta cardiopatia. No âmbito deste ensaio clínico, os investigadores responsáveis planeiam administrar células estaminais de sangue do cordão umbilical autólogo (do próprio) a 20 crianças com síndrome da hipoplasia do coração esquerdo. Todas as crianças incluídas no estudo serão seguidas por um longo período de tempo, para que os médicos possam avaliar se este tratamento consegue efetivamente fortalecer o seu coração.
Referências:
https://www.chla.org/research/children-s-hospital-los-angeles-joins-national-consortium-study-use-stem-cells-treating-rare-cardiac?elqTrackId=5ea3e2848d8447ec89245fa5aac58351&elq=28da82630a0d423991fb81857c2f1280&elqaid=21302&elqat=1&elqCampaignId=10597
https://www.chla.org/hypoplastic-left-heart-syndrome-hlhs-clinical-trial