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Células do tecido do cordão umbilical permitem recuperação de doente com paralisia de Bell

Células do tecido do cordão umbilical permitem recuperação de doente com paralisia de Bell

A paralisia de Bell é uma paralisia facial de origem desconhecida, da qual se observa recuperação espontânea em aproximadamente 75% dos doentes. Os restantes experienciam sintomas leves a severos, apresentando uma recuperação insuficiente. Apesar da sua causa ser ainda desconhecida, alguns investigadores defendem que a doença poderá desenvolver-se como resultado de dano ao sistema nervoso facial decorrente da resposta imunitária à infeção pelo vírus do herpes, inflamação, isquemia ou fatores hereditários. Em casos mais graves, pode verificar-se insuficiência oral temporária, caracterizada pela falta de para efetuar tarefas relacionadas com a boca e a cavidade oral, ou lesões oculares permanentes, devido à incapacidade de fechar a pálpebra do lado afetado. Em cerca de 25% dos doentes ocorre uma assimetria facial moderada a severa, comprometendo a sua qualidade de vida, dado que a expressão facial é essencial para a sensação de bem-estar de um indivíduo. Como resultado de uma assimetria facial acentuada e uma diminuição dos movimentos faciais, os doentes podem sentir uma profunda angústia e alienação social, ver prejudicadas as suas relações interpessoais e desenvolver um quadro de depressão. De modo a tratar esta condição e melhorar a qualidade de vida destes doentes, diversos tratamentos têm sido usados, como o recurso a corticosteroides ou a administração de antivirais, que se têm mostrado eficazes no alívio dos sintomas na fase inicial da doença. Mais tarde, se os sintomas persistirem, exercícios faciais, acupuntura, terapia da fala, entre outros podem auxiliar na recuperação. No entanto, mesmo após vários tratamentos, a paralisia pode persistir, sendo necessário desenvolver terapêuticas alternativas que permitam melhorar a qualidade de vida e até mesmo curar estes doentes. Uma abordagem inovadora que tem vindo a ser testada para o tratamento destes casos é a aplicação de células estaminais mesenquimais do cordão umbilical. Estas células desempenham um papel importante na supressão da função do vírus do herpes e na eliminação da inflamação. Adicionalmente, segregam citocinas (proteínas com atividade biológica), que protegem e regeneram células neuronais. As células estaminais mesenquimais têm ainda o potencial de se diferenciarem em células neuronais, o que propicia a regeneração do local da lesão.

CÉLULAS ESTAMINAIS DO TECIDO DO CORDÃO UMBILICAL PERMITEM CORREÇÃO DE ASSIMETRIA FACIAL EM DOENTE COM PARALISIA DE BELL

Um artigo científico recentemente publicado na revista científica World Journal of Clinical Cases, relata o caso de sucesso de uma doente com paralisia de Bell tratada com células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical. A doente foi inicialmente tratada com esteroides, tendo ainda recorrido a técnicas de acupuntura e massagens. No entanto, a paralisia e os sintomas associados persistiram durante sete anos. No início do tratamento com células estaminais, a doente, de 49 anos, apresentava ainda paralisia do lado esquerdo da face, acompanhada de tremores musculares e assimetria facial desfigurante, verificando-se ainda um fechamento incompleto do olho esquerdo. O tratamento experimental testado neste estudo consistiu na injeção de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical, tendo, em cada sessão, sido feitas um total de 16 injeções uniformemente distribuídas no lado afetado da face da doente, a uma profundidade de 0,4 a 0,6 cm. A doente recebeu um total de oito tratamentos, de dois em dois meses, ao longo de 14 meses. Terminados os tratamentos, a doente continuou a ser acompanhada nos 18 meses seguintes. Antes de iniciar os tratamentos com células estaminais, a doente conseguia fechar apenas 50% do olho esquerdo. Em apenas três meses após o primeiro tratamento, a doente experienciou rápidas melhorias na sua capacidade de fechar o olho, conseguindo já fechar cerca de 70%, tornando-se capaz de o fechar completamente 22 meses após o início do tratamento experimental. Observou-se ainda correção da assimetria facial, ao nível da posição das sobrancelhas e dos lábios, que voltaram à sua posição original, tendo também sido observadas melhorias graduais na fala. Durante o tratamento e o período de acompanhamento, a doente não relatou qualquer anomalia ou efeito secundário. Após um período total de acompanhamento de 32 meses, a paralisia foi curada e não houve recaída. Assim, de acordo com os autores deste estudo, as células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical têm potencial para tratar doentes com paralisia de Bell que apresentam recuperação insuficiente. No entanto, e uma vez que se trata de um doente apenas, os investigadores sugerem a realização de um estudo clínico incluindo um maior número de doentes que permita fornecer mais evidências de que a terapia com células estaminais mesenquimais do cordão umbilical é eficaz no tratamento da paralisia de Bell em doentes que não recuperem espontaneamente.

Referências bibliográficas
– Ahn, H. et al., (2023). Recovery from Bell’s palsy after treatment using uncultured umbilical cord-derived mesenchymal stem cells: A case report. World Journal of Clinical Cases, 11(12), 2817–2824. https://doi.org/10.12998/wjcc.v11.i12.2817.
– Zhang, W. et al., (2020). The etiology of Bell’s palsy: a review. Journal of Neurology, 267(7), 1896–1905. https://doi.org/10.1007/s00415-019-09282-4.