Células estaminais do tecido adiposo melhoram sintomas de artrite reumatoide
A artrite reumatoide é uma doença reumática crónica, de natureza autoimune, que afeta cerca de 1% da população mundial. Tem como sintomas frequentes dor, inchaço e rigidez das articulações afetadas, com perda progressiva de mobilidade e qualidade de vida.
Embora não haja cura para a artrite reumatoide, estão hoje disponíveis vários medicamentos para tratar a doença, nomeadamente corticosteroides, medicamentos antirreumáticos e imunossupressores. Apesar de não ser muito frequente, estas terapêuticas podem desencadear efeitos adversos, incluindo disfunção renal e hepática. Adicionalmente, o seu uso prolongado pode resultar em perda de eficácia, deixando os doentes com opções terapêuticas mais limitadas. Outras modalidades de tratamento inovadoras, com base na administração de células estaminais, têm vindo a ser testadas para esta e outras doenças autoimunes, com resultados muito promissores. Resultados de um ensaio clínico, recentemente publicados, vêm agora demonstrar a segurança e eficácia da aplicação de células estaminais do tecido adiposo (i.e., gordura) no tratamento de doentes com artrite reumatoide.
DOR E INCHAÇO NAS ARTICULAÇÕES MELHORAM SIGNIFICATIVAMENTE APÓS TRATAMENTO COM CÉLULAS ESTAMINAIS
O ensaio clínico, que decorreu entre 2018 e 2020, nos EUA, incluiu 15 doentes, maioritariamente mulheres, em média com 52 anos de idade. Os participantes apresentavam artrite reumatoide ativa apesar do regime terapêutico prescrito. Cada doente foi tratado com uma única infusão intravenosa de células estaminais do seu próprio tecido adiposo, que foram obtidas a partir de uma pequena porção de gordura e depois multiplicadas em laboratório. Seguidamente, foram avaliados – através de análises laboratoriais e testes específicos para avaliar os sintomas de artrite reumatoide – em vários momentos, ao longo de 52 semanas. Dos 15 doentes recrutados, 13 completaram todos os procedimentos de avaliação previstos até ao final do estudo.
Não se tendo registado efeitos adversos severos decorrentes do tratamento experimental, os autores consideram que este apresenta um perfil de segurança favorável. Em relação à eficácia, apesar de não se terem registado melhorias significativas nos marcadores de inflamação analisados, observou-se uma melhoria acentuada nos sintomas articulares ao longo do período de acompanhamento. Foi utilizado um teste de contagem articular de 66/68 articulações, em que é contado o número de articulações inchadas e dolorosas em todo o corpo. O número médio de articulações inchadas baixou de 12 no início do estudo, para 1, ao fim das 52 semanas, e o número de articulações dolorosas diminuiu de 20 para 1, em média, o que indica uma resposta muito positiva ao tratamento com células estaminais. Como principal motivo para os resultados observados, os autores apontam a libertação de moléculas anti-inflamatórias pelas células estaminais mesenquimais do tecido adiposo administradas, bem como o seu efeito anti-inflamatório sobre células do sistema imunitário.
Tendo em conta estes resultados positivos, os autores consideram pertinente a realização de ensaios clínicos de maior dimensão, que possam confirmar o benefício da administração de células estaminais do tecido adiposo como forma inovadora de tratar os sintomas da artrite reumatoide.
Referências:
Vij R, et al. Safety and efficacy of autologous, adipose-derived mesenchymal stem cells in patients with rheumatoid arthritis: a phase I/IIa, open-label, non-randomized pilot trial. Stem Cell Res Ther. 2022 Mar 3;13(1):88.
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